7 de abril de 2008

Museu Antônio Parreiras

Mauro Ferreira
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UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM BRASILEIRA

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Estação da Ribeira, ES
Óleo sobre tela
55 x 80 cm
Vista de Jurujuba, Niterói RJ
Óleo sobre tela
46 x 75 cm


PALAVRAS INICIAIS



Quando fui convidado, em setembro passado, a organizar em abril de 2008 uma exposição do artista plástico Mauro Ferreira no tradicional museu Antônio Parreiras, percebi de imediato alguns indicativos históricos envolvendo o evento. Afinal seria não só a presença de um excelente paisagista, que é o Mauro, em um “espaço cultural” tão comprometido com o tema da paisagem, como é o Museu Antônio Parreiras, mas também uma comprovação pela qualidade daquilo que o artista fez, de que o mais antigo “tema” na arte plástica brasileira, que é exatamente a paisagem, aqui chegada em 1637 com os trabalhos de Franz Post, continua presente hoje depois de 361 anos de história da arte em nosso país.
Além disso, pensei na ocasião, a exposição já então denominada de “MAURO FERREIRA NO MUSEU ANTÔNIO PARREIRAS – UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM BRASILEIRA” aconteceria precisamente quando o Brasil estivesse festejando os 200 anos da chagada da “Família Imperial” na então Colônia Brasileira, que trouxe com ela um enriquecimento da nossa arte, seja pela vinda da “Missão Artística Francesa”, com vários paisagistas que aqui vieram, dentre outras finalidades, para sistematizar o ensino da arte, seja pela “Abertura dos Portos Brasileiros as Nações Amigas”, que viabilizou a entrada de artistas de varias nacionalidades no país, que hoje chamamos de “pintores viajantes” e que pintaram, sobretudo, nossas paisagens.
Na verdade essas duas providências embasaram o surgimento no Brasil, ainda nos “Oitocentos”, de dezenas de artistas brasileiros clássicos e alguns já impressionistas, seja no Império seja na República e, se não todos, quase todos, com trabalhos paisagísticos excelentes, bastando citar, como comprovação, o Grupo Grimm, do qual o próprio Parreiras fazia parte com brilhantismo.
Portanto, seja qual for a tendência da arte atual ou futura, tentar esquecer esse rico passado não recomenda quem eventualmente tenta fazê-lo, cabendo, pelo contrário, cultuá-lo para que o presente tenha futuro, o que o Museu Antônio Parreiras faz ao exibir trabalhos do Mauro Ferreira, paisagista de hoje que não desmerece seus mestres de ontem.
Enfim, o tema da atual exposição é tão historicamente rico, que para o sucesso dela solicitei a museóloga Lucienne Figueiredo dos Santos, Diretora do Museu Antônio Parreiras, que preparasse uma matéria sobre o envolvimento desse espaço cultural com a paisagem, e ao conceituado e respeitado crítico de arte, artista plástico e restaurador, Cláudio Valério Teixeira, que fizesse a “Apresentação do Artista”, o que passa, uma coisa e outra, a ser mostrada nos textos a seguir, precedidos, porém, do reconhecimento e agradecimento, ao Governo do Estado do Rio de Janeiro que, através de sua Secretaria de Cultura e órgãos subordinados, tornou possível, “UM OLHAR SOBRE A PAISAGEM BRASILEIRA”. Obrigado a todos!

Ronaldo Cevidanes
Curador da Exposição
Peão Solitário
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Riacho na Zona da Mata, MG
Fundos da Igreja de São Francisco
Óleo sobre tela
46 x 75 cm


APRESENTAÇÃO
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A pintura de Mauro Ferreira guarda uma grande influência de Batista da Costa. O artista pratica uma espécie de arqueologia da arte - mesmo não sendo de tempos tão remotos - ao mergulhar em nossa mais importante tradição paisagística, trazendo de lá segredos e fazeres que se perderam com o tempo.

A arte de Mauro Ferreira não é sujeita a teorias, às vezes tão exóticas em nossos dias. É uma pintura para o olhar, simplesmente para ser vista e se deixar levar por suas cenas rurais, seus caminhos rústicos, seus grotões das Minas Gerais e seus remansos de rios.

O interesse de sua pintura com certeza se dá por este olhar para o passado, pela paisagem ainda realista que, mesmo depois de todas as revoluções estéticas, ainda consegue ter um imenso poder de comunicação.

Discípulo do pintor Edgar Walter, com certeza veio através dele este verdadeiro fascínio que nutre pela paisagem, por este desejo de traduzir a natureza em suas horas variadas, com sua luz, com suas formas e a temática quase sempre rural, como a procurar um universo perdido, estético e natural.

Muitos podem dizer que sua pintura já foi realizada, que pertence à outra época e que por isso não espelha o mundo atual. Mas depois que a arte passou por tantas experiências, quando hoje a visualidade conjuga diversos sentidos e todos os caminhos formais, mais do que nunca é necessário estar aberto para todas as vertentes em que a pintura possa nos surpreender, e este é o caso de Mauro Ferreira, na impossibilidade de ficarmos alheios diante de suas obras.

Baseado em um desenho correto e um colorido sofisticado, Mauro Ferreira é daqueles artistas que se isolam no tempo, afastado da verdadeira corrida formal em que se transformou a arte em nossos dias. Dotado de uma verdadeira personalidade de paisagista, mostra em suas obras que a natureza, mesmo em seu viés realista, ainda é capaz de excitar artistas e público.

Cláudio Valério Teixeira
Membro da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA)
Membro da Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA)
Membro do Conselho Internacional de Museus (ICOM)
Ilha da Boa Viagem, Niterói RJ
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Recanto de Gragoatá, Niterói RJ
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Fumareiras
Estação de Betim, MG
Óleo sobre tela
50 x 80 cm
Medalha de ouro no 38º Salão de Belas Artes
do Clube Naval RJ, 2008


O MUSEU E O PAISAGISMO BRASILEIRO


O Museu Antônio Parreiras, criado em 1941, completou em 2007 sessenta e cinco anos de abertura ao público. Tombado pelo IPHAN em 1967 ele nos revela o cenário em que viveu e trabalhou o mestre Parreiras.
Discípulo de Grimm, Parreiras registrou durante toda sua vida as belas paisagens de sua terra natal e de outras tantas por onde andou. Amante da pintura do natural, Antônio Parreiras pintou muitas cenas históricas encomendadas pelo poder público e concorreu nos Salons internacionais com nus que lhe garantiram premiações. Consagrou-se internacionalmente na pintura de paisagem conseguindo prestígio em seu tempo, e mais do que isso, foi um dos poucos pintores que viveu exclusivamente de sua arte.
O Museu Antônio Parreiras, além de preservar e divulgar a obra do mestre, entende que como instituição pública tem o dever de promover em seus espaços exposições temporárias que tragam oportunidades aos artistas. Afinal a história da pintura de paisagem continua! A cidade de Niterói guarda a tradição da pintura de paisagem, sobretudo do natural. Artistas jovens perpetuam o gosto de Parreiras, e nada mais oportuno e justo que esta Residência-Ateliê seja o espaço de promoção e divulgação não só dos novos artistas como dos consagrados.

Lucienne Figueiredo
Diretora do Museu Antônio Parreiras
Boiada em Barra Longa, MG
Óleo sobre tela
54 x 80 cm
Tardinha Mineira
Óleo sobre tela
70 x 100 cm
Manhã de Sol em Betim, MG
Óleo sobre tela
50 x 80 cm
Bonde em Santa Teresa, RJ
Óleo sobre tela
46 x 68 cm
Rio Mineiro
Óleo sobre madeira
60 x 90 cm
Rio Pardo, MG
Óleo sobremadeira
46 x 75 cm
Tarde Dourada
Óleo sobre madeira
45 x 70 cm
Fortaleza de Santa Cruz no Entardecer
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Estação no Interior
Óleo sobre tela
30 x 50 cm
Manhã em um Recanto Mineiro
Óleo sobre tela
46 x 68 cm
Estação de Betim MG
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Enseada de Charitas
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Cascatinha
Óleo sobre madeira
46 x 68 cm
Fazenda em Barra Longa MG
Óleo sobre tela
46 x 75 cm
Pedra de Itapuca, Niterói RJ
Óleo sobre madeira
40 x 68

Encouraçado Floriano (1899 -1934)
Óleo sobre tela
30 x 50 cm